Vulnerabilidade: o que é, seus mitos e como enxergá-la como coragem

Entenda tudo sobre a vulnerabilidade, os mitos por trás dela como ela é o principal caminho para conquistar admiração e coragem 

Você provavelmente já ouviu que vulnerabilidade é sinônimo de fraqueza, certo? Assim como eu, cresceu ouvindo que deveria ser uma pessoa corajosa e que deveria sair da zona de conforto.

Vou te mostrar porque vulnerabilidade não é uma fraqueza e como a coragem e a vulnerabilidade, na verdade, andam juntas.

Nesse post você vai ver:

  1. O que é Vulnerabilidade
  2. Quem é Brené Brown 
  3. O Chamado da Coragem
  4. Porque coragem e vulnerabilidade andam juntas
  5. Mitos sobre a vulnerabilidade

Boa leitura!


Vulnerabilidade

É comum quando se ouve falar em vulnerabilidade, associarmos esse termo com fraqueza.

O próprio dicionário trata vulnerável como “algo ou alguém que está suscetível a ser ferido, ofendido ou tocado. Vulnerável significa uma pessoa frágil e incapaz de algum ato.”

Seus sinônimos: fragilidade, delicadeza, instabilidade, também remetem à situações de impotência. Mas essas características não te tornam fraco.

Para absorver o melhor desse tema, te apresentamos uma pessoa que contagiou o mundo com uma nova visão positiva sobre vulnerabilidade.

Quem é Brene Brown

Brené Brown é pesquisadora e professora norte-americana da Universidade de Houston. Ela passou cerca de 20 anos pesquisando sobre coragem, empatia, vergonha, vulnerabilidade e ficou muito conhecida pelo seu TED Talk O Poder da Vulnerabilidade.

O Poder da Vulnerabilidade, Brené Brown – The Power of Vulnerability (Junho/2010)

Esse TED Talk, que a tornou conhecida, foi uma consequência da própria pesquisadora ter se colocado em posição de vulnerabilidade.

Ela deixou de lado, só uma vez, a sua postura acadêmica com palestras sobre dados para vivenciar uma experiência de pura coragem.

Devido ao alcance que seu vídeo atingiu, a vulnerabilidade não está mais sendo vista como sinônimo de fraqueza.

Brené já possui 5 livros publicados e muitos outros projetos, incluindo seu Original Netflix, intitulado, Brené Brown: The call to Courage.

O Chamado da Coragem

Após o seu primeiro Ted Talk, Brené se sentiu muito envergonhada pela exposição e jurou que não iria fazer mais nada fora da sua “armadura acadêmica”.

Mas ela não sabia quantas pessoas iriam se relacionar com o seu trabalho e como ela mesma iria rever seus medos.

Seu primeiro livro “A Coragem de Ser Imperfeito”, título original “Daring Greatly”, ‘nasceu’ dessa vergonha. 

Em casa, após O Poder da Vulnerabilidade atingir milhões de acessos – e um bom número também de comentários maldosos- Brené conta que não sabia como encarar as coisas de novo.

Porém, naquele momento, algo sobrenatural aconteceu em sua vida. Nas palavras dela “Deus desceu na minha sala”.

Foi quando ela encontrou o discurso “Cidadania em uma República” (ou “O Homem na Arena”), proferido por Theodore Roosevelt, em 1910, na Sorbonne.

Um trecho desse discurso, posteriormente, seria a estrutura central do seu livro:

“Não é o crítico que importa; nem aquele que aponta onde foi que o homem tropeçou ou como o autor das façanhas poderia ter feito melhor. O crédito pertence ao homem que está por inteiro na arena da vida, cujo rosto está manchado de poeira, suor e sangue; (…) que, na melhor das hipóteses, conhece no final o triunfo da grande conquista e que, na pior, se fracassar, ao menos fracassa ousando grandemente.”

Theodore Roosevelt

A Coragem e a Vulnerabilidade andando juntas

Homem corajoso em situação de vulnerabilidade escalando parede de pedras

Costumamos imaginar que vulnerabilidade e coragem são características opostas. Ou você é vulnerável e fraco, ou você é corajoso e forte. Hoje vou te ajudar a desconstruir essa ideia. 

Se por um lado a vulnerabilidade está ligada com sentimentos de vergonha, medo, ansiedade, desconforto e incerteza.

Por outro, também está diretamente ligada – de forma positiva – aos sentimentos: amor, pertencimento e alegria.

O medo ou receio de estar vulnerável pode nos privar de aceitar amor e expressar alegria. Julgamos que “talvez aquele amor não seja recíproco” ou que “talvez sentir-se plenamente alegre significa que algo ruim vai acontecer e tirar aquilo de você”.

Pesquisadores constataram que a melhor maneira de medir o nível de coragem de uma pessoa, é baseado em quão vulnerável ela está disposta a ser. Ou seja, ser corajoso é também sair da zona de conforto, é ser vulnerável.

Um dos grandes ensinamento de Brené é que não existe coragem sem vulnerabilidade. Não tem como ser corajoso e se arriscar estando confortável.

Se a sensação de possível falha ou desconforto não estiver presente, você ainda está fora da arena. 

Temos que assumir um estado de vulnerabilidade quando tentamos uma promoção no trabalho, temos que estar vulneráveis à falha para entregar, verdadeiramente, o nosso coração para outra pessoa. 

Para Brené, é sobre dar seu coração para alguém e falar: “eu sei que posso me magoar, mas quero fazer isso. Quero estar vulnerável e te amar.”

Vulnerabilidade e suas diversas faces

A vulnerabilidade está em todos nós sob diferentes camadas e ligada à diferentes sabotadores.

Em 20 anos de pesquisa, Brené coletou diversas situações onde as pessoas sentiram que estavam em posição de vulnerabilidade.

Alguns exemplos muito interessantes de o que representa estar vulnerável são:

  • Começar uma carreira nova depois dos 40;
  • Escolher um caminho diferente de toda a sua família;
  • Tentar engravidar de novo depois do segundo aborto;
  • O primeiro encontro depois do divórcio;
  • Amar de novo depois de ser traído;
  • Assumir à sexualidade para pais cristãos;
  • Dizer “eu te amo” primeiro.

Ao longo dos estudos, a emoção mais vulnerável se mostrou ser a ‘Alegria’. 

Segundo Brené, nós deixamos de ser genuinamente felizes imaginando que essa alegria será tirada de nós, ou nem tentamos alcançar essa alegria por não querer estar em uma situação vulnerável.

Quando tudo está bem, nosso corpo ‘cria’ uma sensação de desconforto, como se fosse te avisar que algo ruim pode acontecer e tirar essa alegria. Foi aí que a ‘Gratidão’ se apresentou nas pesquisas.

Pessoas que se mostraram mais resilientes tinham algo em comum: o hábito da gratidão. Para elas, esse desconforto, criado pelo corpo, era um lembrete para agradecer ao invés de um lembrete para temer.

Estar no presente e conectado com a alegria, era para essas pessoas motivo de gratidão e apreciação. Pois elas mantinham consciência de que a alegria, inevitavelmente, iria embora em algum momento. 

Não é necessário que nós criemos um cenário negativo onde algo irá tirar nossa paz. Assim como as coisas ruins, as boas também são cíclicas.

Cabe a cada um exaltar e alimentar a alegria dentro de si, ao invés do medo.

Mitos sobre a Vulnerabilidade

A vulnerabilidade ainda é um assunto delicado e possui suas contradições. Por isso, vou mostrar alguns dos mitos envolvidos nesse tema e as desconstruções feitas pela pesquisadora Brené Brown.

1º MITO – Vulnerabilidade é fraqueza

De um lado somos cobrados à “ser uma pessoa corajosa” e do outro ouvimos “não seja um pessoa vulnerável”. Esse conflito nos mantém presos e com medo de tomar riscos necessários para nosso crescimento.

Você consegue pensar em exemplos de coragem, da sua vida ou de alguém próximo, onde não havia risco, incerteza, medo ou exposição emocional? Acredito que não.

Definitivamente, ser corajosa(o) requer estar em estado de vulnerabilidade, sair da zona de conforto e “entrar na arena”. Vulnerabilidade não é fraqueza, é coragem.

2º MITO – Vulnerabilidade não é pra mim

Vulnerabilidade é pra todo mundo! Para chegar onde está hoje, você com certeza precisou vivenciar diversas experiências de incerteza, risco e exposição. Elas ajudaram a construir sua personalidade.

Quando você não reconhece e não aceita sua própria vulnerabilidade, se torna fácil descontar seus conflitos internos nas pessoas à sua volta.

Comumente despejamos nossas frustrações nas pessoas mais próximas, aquelas que nos amam e estão dispostas a nos ouvir.

“Ou você é vulnerável porque quer, ou a vulnerabilidade surge do nada” – Brené Brown.

Todos passam por momentos difíceis o tempo todo. Tenha pessoas em volta pra te ajudar a superar esses momentos ruins, mas sem descontar seus problemas nelas.

3º MITO – Eu consigo sozinho

Nós somos programados a buscar conexão e pertencimento. Se isolar, “ser vulnerável sozinho” é se privar de conexão, pertencimento e amor. Sempre haverá sofrimento no final. 

Estar vulnerável é estar exposto, e não há exposição quando estamos sós. Você precisa estar na arena para estar vulnerável. 

4º MITO – É possível ser vulnerável sem sofrer de incerteza e desconforto

Se existe conforto já deixou de ser vulnerabilidade, é outra coisa.

5º MITO – Confiança vem antes da vulnerabilidade

A confiança e a vulnerabilidade se acumulam ao longo do tempo, criamos laços fortes nas relações interpessoais por meio da confiança. Contudo, algumas vezes se expor parece não ser a melhor opção.

Confiança é algo que se constrói ao longo do tempo, quanto mais eu compartilho, mais a outra pessoa honra esse compartilhamento. Com o passar do tempo a confiança cresce, assim como a abertura para compartilhar.

Você deve compartilhar com quem ganhou o direito de ouvir. Sua história é um privilégio de ser ouvida. Vulnerabilidade sem limites também deixa de ser vulnerabilidade.

6º MITO – Vulnerabilidade é divulgação

Falar as suas coisas íntimas pra quem quiser ouvir não é vulnerabilidade. Como mencionado no ponto anterior, até na vulnerabilidade existem limites. Não é sobre terminar um relacionamento e se expor em todas as redes sociais. 

Não se mede vulnerabilidade pela quantidade de divulgação. Ela se mede pela sua coragem em se expor e ser visto numa situação onde você não pode controlar o resultado.

Vulnerabilidade como solução

Por muito tempo achamos que coragem é se arriscar, tentar e acreditar no seu potencial. Que coragem é o sentimento de completa confiança e persistência, que é a sensação de ‘saber o que está fazendo’. 

Nessa linha de pensamento existe pouco espaço para falhas também. Na verdade, as situações que nos exigem coragem são as mesmas que nos pedem exposição, incerteza e vulnerabilidade. 

Sabemos que não é tão simples abraçar a vida com coragem e aceitar a exposição ou falha.

Às vezes a ideia de não conseguir é insuportável, e o conforto é bem melhor do que a possibilidade de não saber lidar com a sua própria vulnerabilidade.

Mas para tentar algo genuíno devemos dar esse passo além das nossas inseguranças. Do contrário, você se verá em um ciclo de realizações medianas e que não te te levaram aos seus sonhos.

Criamos auto sabotagens para lidar com o dia-a-dia, e muitas vezes nem percebemos o quanto deixamos de amar, de rir, de compartilhar por medo de ser vulnerável e não sem ser recíproco. 

E é verdade! Estar aberto à vulnerabilidade não quer dizer que você será corajoso(a) para sempre e nada mais irá te dar borboletas no estômago, nervosismo ou desconforto.

Na verdade, quer dizer que você está aberto a passar por tudo isso quando o momento certo chegar.

E passar por tudo isso não quer dizer que você não vai alcançar seus objetivos, significa que você se expôs o suficiente para cair, levantar e tentar de novo, ou para apreciar a vitória.

Entre na arena!

Em The Call to Courage, Brené diz que as pessoas costumam achar que ser vulnerável é estar aberto ao risco quando, na verdade, estar vulnerável é correr o risco de falhar… para Brené, “se você for corajoso com a sua vida você vai conhecer o fracasso.”.

Com cada falha você verá que se expôs, que jogou, que você entrou na arena. Não é sobre terminar a corrida sem uma gota de suor e ainda ficar bem na foto da medalha.

É sobre quando você cair, suar, chorar, sangrar, ainda assim, vai levantar, lavar o rosto e começar de novo.

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Obrigada pela companhia e até a próxima leitura! 🙂


Janaina Lodi

Curiosa, amante da psicologia, do marketing de conteúdo e sempre buscando formas de ajudar as pessoas. Sendo a Gestora de Conteúdos da Protagonize, tenho a oportunidade de transformar esses conhecimentos e curiosidades em ferramentas de auxílio no desenvolvimento pessoal do outro e também cresço e aprendo junto a cada trabalho.